Uma radiografia da campanha contra malária em Ibo e Metuge

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Reunião de Avaliação da primeira ronda da campanha contra malária traça novas abordagens de mobilização comunitária

Teve lugar ontem, 06 de Abril, em Pemba, a reunião alargada de avaliação da primeira ronda da campanha de administração massiva de medicamentos contra malária implementada em Ibo e Metuge, na província de Cabo Delgado.

Em Metuge, a taxa de cobertura da população na primeira ronda foi de 51  e em Ibo, 31 , conquistas não muito satisfatórias para os promotores da campanha, mas encontram alguma explicação quando avaliam os motivos das recusas.

Questões como o medo dos efeitos colaterais dos medicamentos; não ver necessidade ou benefício em tomar a medicação; tratamento ser de duração demasiado longa ou complicado (três dias por cada ronda); a toma interfere com hábitos de rotina (por exemplo, consumo de álcool) e até por alguns motivos inusitados, como, por exemplo, o simples facto de o agregado, na maioria das vezes famílias que acomodaram deslocados, alegar que não irá tomar o medicamento contra malária porque não recebeu de instituições do Governo ou de ONG’s saco de arroz imperaram para que a cobertura não fosse de 100  nos distritos acima descritos.

Como forma de ultrapassar os desafios, a reunião de avaliação da primeira ronda da campanha juntou administradores de ambos distritos e líderes comunitários, principalmente das localidades de Nanlia, Mieze, Metuge Sede, Messanja, do distrito de Metuge; Vila de Ibo e Matemo, do distrito de Ibo, entre outras, para definir tática e estrategicamente uma nova abordagem de mobilização comunitária apelando sempre o indispensável papel dos líderes locais.

Ibo bem como Metuge são distritos afectados directa ou indirectamente pelos ataques terroristas e, por isso, tal como cogitado, a população desses distritos é altamente migrante. Pelo procedimento de administração da medicação, cada residente do distrito deve tomar, por cada ronda, uma dose por dia durante três dia. ‘’Agora, com a segunda ronda, constatamos pessoas que não estavam na primeira ronda e isso é um constrangimento’’, afirma Baltazar Candrinho, Director do Programa Nacional da Malária.

A reunião de avaliação alargada da primeira ronda da campanha de administração massiva de medicamentos contra malária acontece 5 dias depois do arranque da penúltima ronda. Tal como assegura Candrinho, ‘’um pacote de acções para ultrapassar os desafios da primeira ronda já está em curso’’, disse.

Para Zélia Menete, Directora Executiva da FDC, o papel dos líderes comunitários nas suas zonas de influência, principalmente onde houve recusas, é central para persuasão e mobilização comunitária. ‘’Como FDC, estamos convictos e focalizados na intensificação da colaboração com as estruturas comunitárias’’, fez notar Zélia, dirigente da organização que tem como atribuição assegurar a logística e mobilização comunitária para maior aderência da população a campanha.

A campanha de administração massiva de medicamentos contra malária, por sinal a primeira no País e na região da Africa Austral, decorre em Cabo Delgado porque é a província com a mais alta prevalência de malária em Moçambique. Duplicou de 23  (2015) a 57 (2018). Enfrenta desafios únicos e extremos para prestar serviços de saúde por múltiplas razões, como a coexistência dos efeitos dos conflitos armados, ciclone Kenneth e Covid-19 que geram destruição e encerramento das unidades sanitárias, migração de pessoas de um distrito para outro e redução da procura dos serviços de saúde.

Lembrar que o objectivo central da campanha é reduzir a transmissão, morbilidade e mortalidade por malária e a sobrecarga aos serviços de saúde já enfraquecidos pelo aumento da população resultante da migração a regiões relativamente seguras.

A administração de medicamentos é realizada independentemente da presença de sinais ou sintomas de malária ou confirmação da infecção e é direcionada a toda população elegível ao tratamento nas áreas seguras que receberam muitos deslocados (distritos de Metuge e Ibo).

A perspectiva é que após a actual fase piloto, a campanha seja expandido gradualmente para outras regiões do País, envolvendo esforços do Governo, da FDC, do Centro de Investigação de Saúde da Manhiça, da OMS, da Visão Mundial e da CHAI.