Liderança Adaptativa: um caminho para superar desafios de mobilização social contra HIV & SIDA

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‘’Há muitos investimentos (humano e financeiro) para reduzir novas infecções e mortes pelo HIV e SIDA, mas os impactos ainda deixam a desejar’’, disse Graça Machel, justificando ao mesmo tempo a pertinência da promoção do workshop sobre “Liderança Adaptativa”, que teve início a 16 de Fevereiro de 2022, em Manjacaze, facilitado pela professora Farayi Chipungu, da Universidade de Harvard.

Participam no evento 50 pessoas representando vários segmentos da sociedade e do Governo para ressignificar o modelo de envolvimento da comunidade para a mudança de comportamento, normas e valores que contribuem para a vulnerabilidade de adolescentes e jovens face ao HIV.

‘’Temos clareza que devemos ser responsáveis pelos nossos actos, mas precisamos aprender como ser responsáveis’’, disse Meru Rahimo, 13 anos, residente em Manjacaze, que não tem dúvida de estar a ser educada num sistema onde não há muito espaço para perguntar.
‘’Os nossos pais muitas vezes só nos dizem NÃO PODES FAZER ISTO, mas quando perguntamos PORQUÊ recebemos a resposta: “porque eu estou a dizer te; quando te digo uma coisa não questiones”, “faz o que te digo”, ou então “hiii swa yila”(é proibido; nem podes perguntar), acrescentou a adolescente, consciente de que muitas coisas são proibidas por tradição, cultura, religião, mas que gostaria de poder entender melhor para aprender a respeitar os mais velhos.

No seu discurso de introdução, falando sobre liderança adaptativa, a professora de Harvard fez notar que bons líderes precisam mobilizar as pessoas que fazem parte do problema para que elas façam parte também da solução. ‘’A maneira de fazer isso é questionando a si próprio e aos outros sobre como adaptar-se. Sobre o que deve ser mantido e o que deve ser descartado quanto ao seu comportamento sobre HIV e não só. E, claro, como se pode inovar para buscar um futuro melhor’’, disse Farayi Chipungu, a professora de Harvard que fez notar que liderar deixou de ter relação com autoridade e poder e passou a ser a habilidade de mobilizar e gerir pessoas criativamente e, ainda assim, as convence do quanto, às vezes, é preciso adoptar novas práticas e formas de pensar para que consigam progredir mesmo diante de desafios que mudam a toda hora.

Intervindo igualmente na ocasião, Graça Machel fez notar que a liderança adaptativa é uma abordagem útil para nivelar as relações de poder e reduzir significativamente as novas infecções pelo HIV. ‘’Temos de aceitar que temos de mudar cada um de nós nas nossas funções/posições. Alguns devem deixar de impor e outros executar’’, disse, referindo-se a alguns exemplos de professores que assediam alunas e alunas que permitem ser assediadas; de homens que obrigam as mulheres de manter sexo sem preservativo e de mulheres que aceitam praticar sexo desprotegido, entre outras situações.