Enxurradas: FDC presta primeiros apoios em Maputo

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“Ele surpreendeu-nos queixando-se de fortes dores de barriga. Instantes depois foram as duas filhas: Felizarda e Zefinha. Estavam todos a vomitar e com muita diarreia. Às 12h00, infelizmente, antes mesmo de chegarmos ao hospital, pai delas fugiu-nos”, disse Chivince, irmã do falecido , em conversa com à FDC, ontem, no bairro de Maxaquene.

Devido a esta preocupante situação, alinhada com os dados anunciados pelo MISAU, de 216 casos de cólera registados no país e que já resultaram em óbitos, a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade doou, na segunda-feira (28.02), um cheque de 213 mil meticais para apoiar, de forma geral, os afectados pelas enxurradas e que vivem em alguns bairros periurbanos da cidade de Maputo, como Polana Caniço e Maxaquene.

‘’Encorajamos a todas forças vivas da comunidade a tomar medidas urgentes para que não haja condições para a eclosão de malária e de cólera nestas zonas’’, disse Zélia Menete, Directora Executiva da FDC, na entrega do cheque, onde também fez notar que a FDC está a apoiar na realização de uma campanha de pulverização intradomiciliar nos bairros mais afectados pelas enxurradas, em Maputo.

Em zonas periurbanas são raras as famílias que não tenham tido doentes de diarreias

O que é fácil encontrar na cidade de Maputo, por exemplo no bairro de Maxaquene ‘’C’’, são agregados familiares convivendo com aguas paradas, como documentam as nossas fotos. Não há saneamento básico e consomem, ocasionalmente, água potável.

A família de Pedro Inácio Agostinho não ignora os riscos associados a isso. Há duas semanas ele perdeu a sua esposa, Otília Agostinho, que se queixava de fortes dores de barriga e, algumas horas depois, vieram os vómitos. Nesse mesmo dia a dona Otília, de 45 anos, foi levada ao Centro de Saúde onde recebeu tratamento médico, mas não resistiu e um dia depois veio a perder a vida, deixando três filhos, dez netos e um viúvo desempregado e paralítico.

Quando os rendimentos permitem, alguns cidadãos saem dos seus bairros alagados, e com problemas de água potável, para zonas mais apropriadas. É o caso do Paulo António, que vivia na Polana Caniço. ‘‘Mudei-me para Museu. Os meus actuais rendimento permitem-me comprar água mineral e usar latrinas melhoradas’’, disse.

A FDC-Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade é uma organização da sociedade civil, que visa congregar esforços de todos os sectores da sociedade civil na realização de um ideal de desenvolvimento, democracia e justiça social.