GRAÇA MACHEL: “UM LÍDER TEM DE SABER DEFENDER O SEU PAÍS!”

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Graça Machel, PCA da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, participou como oradora, no passado dia 8 de Agosto, da segunda conferência da série Conversas da Academia à Quinta-feira, evento organizado pela Academia Angolana de Letras.

Dissertou sobre o tema “Lideranças africanas: dilemas entre a tradição e a modernidade”, na presença de académicos de Angola, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, França, Moçambique, Portugal e S.Tomé e Príncipe.

Sob moderação da advogada Ana Paula Godinho, aflorou os dilemas que os países africanos enfrentam neste final de quarto de século. Começou por referir que, “em África somos todos jovens, pois nenhum dos nossos Estados tem um século de existência”.

Por outro lado, Graça Machel sublinhou que “não somos nações, mas cada um alberga dentro de si «pequenas nações»”. Segue-se o facto de termos Estados formatados a partir da realidade colonial (portuguesa, francesa, inglesa, belga). É preciso acrescentar que “somos influenciados por realidades exteriores à realidade africana, considerando sempre interesses de outros”.

A activista social deu conta que se fala demasiado em unidade nacional, mas “este é apenas um conceito político”: “a edificação da nação tem um ritmo, uma cadência de construção dessa unidade, muito mais lento do que ocorre com o Estado. Os processos ocorrem em simultâneo, mas possuem diferentes ritmos de integração”.

Falando de lideranças,    Graça Machel afirmou que “um líder emerge de um processo de reconhecimento por parte das pessoas que ele lidera, porquanto um líder não é apontado, um líder é reconhecido; são as comunidades que reconhecem a liderança”.

Considerou ser preciso assumir que “a escolha      dos nossos governantes nem sempre ocorre de processos legitimamente aceites por todos” e apontou como exemplo a seguir, o da Tanzânia de Julius Nyerere, que juntou de forma eficaz a governação e a liderança: Nyerere “usou a língua como factor deliberado de construção da nação, usou o swahili como factor de      unidade – uma língua que fala para as mentes e os corações dos africanos”, sendo por isso uma referência a considerar.

 

Graça Machel considera que o mais importante será a “edificação das nações, para que possa haver desenvolvimento endógeno”. Concluiu dizendo que, para aspirar a líder, o governante tem de ter capacidade para reconhecer aquilo que não sabe, aquilo  que tem de aprender. Já o líder “tem de saber defender o seu país, sempre que firma acordos com o exterior”.