Graça Machel advoga soluções locais para conter propagação do Coronavírus

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Graça Machel advoga soluções locais para conter propagação do Coronavírus

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Graça Machel advoga soluções locais para conter propagação do Coronavírus

A Presidente do Conselho de Administração da FDC defende que além das medidas anunciadas pelas autoridades, para prevenir o Coronavírus, os moçambicanos podem adotar uma alimentação saudável (rica em frutas) para fortalecer o sistema imunológico como forma de prevenção. Graça Machel,  activista dos direitos humanos e ex-ministra da Educação, diz que as medidas adoptadas pelo Governo devem ter em conta as diferentes realidades do país

Como é que percebe esta doença e que resposta uma sociedade como moçambicana pode dar para evitar a rápida propagação?

Deixe-me começar por dizer aló Moçambique e dar uma grande abraço de solidariedade a cada um de nós moçambicanos, que tal como outras sociedades estamos assutados e, talvez, também inseguros sobre como é que nós respondemos a esta pandemia. Têm sido propagadas muitas formas de prevenção. Não há dúvidas, quer dizer que a prevenção é a única, se calhar a maior solução que se coloca nas nossas mãos como sociedades com muito poucos recursos e com diferentes graus de vulnerabilidades. Eu saúdo todas as mensagens que têm sido transmitidas pelo Chefe de Estado, pelo ministro da Saúde e muitos outros trabalhadores da Comunicação Social. Eu acho que isso é a primeira linha de prevenção. Lavar as mãos tantas vezes puderes, distanciamento social, todas essas mensagens são muito importantes. Eu gostaria de abordar aquilo que chamo uma segunda linha de prevenção. A verdade é que existem já pessoas que estão infectadas, em que o vírus ainda está em incubação, e ainda não se transformou em doença. Nós não temos, como está provado, capacidade de testar milhares e milhares de pessoas de uma só vez, como a sociedades com mais recursos para o fazer. A minha sugestão é recorrer, tal qual como lavar as mãos, a métodos muito mais simples. Por exemplo, beber água quente com limão todos os dias. Duas vezes ao dia. Nós estamos num período em que, felizmente, há bastante limão, há bastante lima, há bastante laranja. Estamos num período em que temos acesso à vitamina C por vias naturais. Nem toda a gente vai poder comprar suplementos de vitamina. Mas nós todos podemos ter acesso ao limão, lima, laranja e outros produtos muito simples e muito acessíveis. É importante, porque reforça o nosso sistema imunológico. Reforça a resiliência do organismo, para que mesmo que estejas infectado o vírus não se transforme em doença e esta não complique, porque se complicar ataca o sistema respiratório, em particular os pulmões. E pode se tornar uma fatalidade. Portanto, recorrer a esses métodos pode salvar a vida de milhares de nós porque não temos recursos sofisticados e carros. A segunda é gargarejar com água e sal dias vezes ao dia. De manhã e ao fim do dia. Gargarejar com água e sal significa que estás a contribuir para matar o vírus precisamente antes de ele descer para os pulmões. É um método simples que está acessível a muitos outros. Milhões de moçambicanos na vão ter acesso a ventiladores. É preciso nós usarmos esses métodos antes que seja necessária a hospitalização. Isto e um raciocínio e um apelo de mãe. Médicos e cientistas podem questionar, mas da mesma maneira nós usamos a cacana e matapa para melhorar a hemoglobina das pessoas. Se esses métodos simples podem deter a transformação do vírus e doença, por que não usarmos?

Enquanto presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade tem muito contacto, muita informação e experiência da sociedade moçambicana, principalmente da que vive na periferia e nas zonas rurais. Olhando para este contexto em que o Coronavírus impõe uma nova forma de viver, que mensagem deixaria para as mulheres que sendo elas chefes de famílias têm a responsabilidade de garantir o sustento dos seus dependentes num contexto de pouco acesso a recursos para resolver questões básicas, porque vivem o dia-a-dia?

O vírus está a trazer à superfície, de uma forma flagrante, a questão das desigualdades. Por isso, uma medida que seja geral precisa de ser adaptada à realidade concreta dos grandes grupos sociais, que são aqueles que eu chamo de vulneráveis. Começaria por abordar a questão da vulnerabilidade. Nós temos a definição das Nações Unidas de que os vulneráveis são as mulheres chefes de famílias, as crianças órfãs, as pessoas com deficiência e os idosos. A vulnerabilidade em Moçambique é muito mais ampla. Tem dimensões muito mais profundas e variadas. É preciso aproveitarmos este momento de crise para estudarmos e compreender melhor. E estabelecermos estratégias muito mais adequadas para abordar a questão da vulnerabilidade. Inclui nisso o número de pessoas que vivem em extrema pobreza. Já antes do vírus tínhamos um milhão e oitocentos mil pessoas que precisavam de ajuda alimentar, diariamente. Essas entram nos grupos que têm que ser considerados agora. Temos a questão do conflito armado, que faz com que pessoas saiam das suas zonas de residência para as cidades engrossar as fileiras na periferia das nossas cidades. Respondendo directamente a tua pergunta, imagina uma família de 10 pessoas no Chamanculo. No bairro Luís Cabral, uma família com 10 a 12 pessoas. Distanciamento social, durante o dia? Talvez podem tentar se tiverem um quintal que permita. Mas à noite onde é que vão dormir? Numa casinha onde se apinham, respiram o mesmo ar. Se uma das pessoas saiu para procura alimento e voltou infectada vai infectar a todos. O que é que eu quero? É que nós, em particular os conselhos municipais e os órgãos locais de poder têm que ajustar as medidas anunciadas pelo Chefe de Estado, para todos nós, mas dizer em condições específicas dos bairros e das zonas rurais o que é que nós devemos fazer. Podemos respeitar tanto quanto possível o distanciamento social mas vais ser extremamente complicado que as pessoas não saiam para buscar o alimento diário. Não tem dinheiro para fazer um aprovisionamento de uma semana a 10 dias. Vivem à medida de vender e comprar no quotidiano. Então, a limitação dos movimentos tem que ser propriamente regulada. Nas zonas rurais as pessoas não têm geleira, vão à machamba procurar alimentos diariamente, também. A limitação de movimentos tem que ser mais definida e respeitar as necessidades fundamentais de sobrevivência dessas famílias. Quando digo zonas rurais, sabemos que é a maioria ainda da nossa população. São de aplaudir as medidas anunciadas mas é preciso descer ao detalhe. A maior parte da nossa população está na economia informal, incluindo as mukheristas que atravessam a fronteira para trazer produtos e colocar nos mercados grossistas e normais. Essas pessoas de alguma maneira tem que se regulamentar que têm que continuar a funcionar, com todas as medidas necessárias para evitar a propagação [do Coronavírus]. Nós somos fundamentalmente um país que vive que comida importada. Não somos produtores ainda daquilo que precisamos. E não são só as que travessam a fronteira, a maior parte do milho que se consome na cidade de Maputo vem de Chimoio. O feijão vem de Nampula. Portanto, temos os mukheristas no interior do nosso próprio país. Estes sectores de funcionamento da economia, que são vitais para a sobrevivência de milhões de agregados familiares, têm que ser regulados de maneira diferente, sobretudo ao nível dos órgãos locais, porque já estamos a sentir a pressão. É preciso localizar as directivas nacionais para contexto extactamente daquilo que é necessário para cada zona. É um desafio que se coloca para quem tem que governar e governar com eficiência.

E possível encontrar soluções adaptáveis a estes contextos quando mundialmente e cientificamente o que vale mesmo é este distanciamento?

É uma pergunta que nós temos que fazer a nós próprios através de uma realidade muito concreta. Não sou eu sentada aqui no meu gabinete imaginar o que vai acontecer. Significa arregaçar as mangas, por as medidas de protecção, dos dirigentes e dos vereadores das cidades e olhar nos bairros, nos quarteirões e dizer o que significa o distanciamento naquela realidade. O Presidente Kagame fez isso e por os seus ministros e todos os seus dirigentes incluindo funcionários do aparelho de Estado pelo país fora para responder a necessidades concretas de todo o país. Vamos dizer que Ruanda é um país relativamente pequeno, não estou a falar da dimensão do país, estou a falar de metodologia porque nós também temos dirigentes a nível central, a nível provincial, a nível distrital, temos a nível de postos administrativos e é isso que nós temos que sair e dizer como é que se vai fazer o distanciamento nas realidades concretas. Dois: como é que as pessoas vão ter acesso a alimentos se elas tiverem movimentos muito limitados, qual é a flexibilidade de movimentos que tem que se admitir para que as pessoas tenham acesso as suas fontes de recursos para alimentação. Então é isso que nós estamos a sentir com as comunidades, com que nós estamos a trabalhar, o que gera uma confusão de o que é que eu devo fazer. Eu gostava de abordar um outro assunto também, é a questão de repensarmos efectivamente o que é o nosso sistema de segurança social. Nós temos três programas de segurança social mas todos eles juntos só cobrem cerca de 500 mil famílias e que significa 20 por cento do universo que já foi definido como aquele que precisa de segurança social. Nas condições de que eu estou a falar agora eu acho que é preciso aproveitar a situação de crise e fazer uma situação de oportunidade. Revermos, repensarmos, reformularmos, redesenharmos o nosso sistema de segurança social para que não tenhamos uma política que é boa mas que só cobre uma pequena percentagem daqueles que precisam dessa segurança social. E eu penso que é uma oportunidade que se nos é oferece, não só ao Governo mas para todos nós, nós também que trabalhamos com comunidades, juntarmos as mãos e dizer o que é que significa ter um sistema de proteção e segurança social nas condições específicas de Moçambique, nas dimensões que eu falei, porque os grupos vulneráveis são muito maiores.

Isto porque está a sugerir que o sistema de segurança social ou de protecção social também posso abranger aqueles que não descontam?

Aqui já não são só os que descontam. Sabe quando se faz a transferência de recursos para idosos, os idosos não descontam, mas os idosos mesmo olhando para eles, o grupo de idosos que recebe é muito pequeno. Agora tu vais dizer, se há em várias zonas do nosso país situações de insegurança alimentar crónica grave e calcula-se que cerca de 45 distritos desse país estão nessa situação, insegurança alimentar crónica grave, o que nós devemos fazer no futuro a pensar na protecção e segurança social.

Mas para os desafios que a COVID-19 coloca ao nosso país vê na segurança social uma janela de oportunidade?

É uma janela de oportunidade de se repensar e se reformular e também de ursarmos experiências de outros países em que em vez apenas de dar alimentos tu crias condições para que os agregados familiares, em cada agregado familiar haja pelo menos uma pessoa que gere renda. E portanto olhar não só em termos de distribuir mas não vai resolver o problema porque é um número extramente elevado. Temos que estudar e dizer o que é que se deve fazer nesses agregados familiares para que pelo menos uma pessoa possa gerar renda. Se forem duas ainda muito melhor. E localizar as soluções, é por isso que eu insisto na questão de localizar porque a realidade de Niassa pode não ser exactamente a mesma realidade de Inhambane. A realidade de Zambézia pode não ser exactamente a mesma realidade de Manica mas nós temos que abrir os olhos e aceitarmos que temos um desafio extremamente grande, se nós queremos dar uma oportunidade para que todos possam sobreviver e sobreviver com dignidade e o que vírus nos está a dizer é apenas colocar a nú as fragilidades das instituições que nós temos, as fragilidades das abordagens que nós temos e é por isso que eu digo, vamos aproveitar e fazer disso uma oportunidade. E há cientistas que nos podem ajudar, nós temos tanta gente formada, muitos Phd’s. Há muitas experiências dos outros países do mundo que também já foram confrontados com situações como as nossas. E ouvirmos, questionarmos e conhecermos melhor no detalhe a nossa realidade. E redesenharmos o que pode responder a realidade de Moçambique e dizer que ninguém fica de fora, o que quer dizer que ninguém vai ser tão vulnerável para que um vírus como esse possa levar milhares e milhares de vidas. Este é um dilema mas mais uma vez a grande oportunidade que se nos oferece.

Qual é a mensagem de esperança que pode deixar aos moçambicanos, considerando que o pânico é um sentimento que aflora nestes momentos mas é que menos se deseja que aconteça porque mais do que contribuir piora a situação. E olhando para a realidade dos outros países em que a doença atingiu o pico, a híper-convivência também trouxe outros problemas e não é o que se deseja que Moçambique venha a ter. Mesmo com o cenário actual, mesmo que não venha a evoluir já existe algum receio da sociedade moçambicana, a volta deste vírus e desta doença.

Não devemos estar em pânico e não devemos estar com medo, pelo contrário, devemos olhar para as nossas reservas interiores e dizer o que é que devemos fazer individualmente e colectivamente para oferecermos uma resposta eficaz, que reduza ao máximo perdas de vidas, começa por ai, portanto uma proatividade. Ir buscar as nossas próprias reservas interiores como indivíduos e como famílias e como colectividade mas também as nossas instituições estudarem melhor aquilo que nós já fizemos de bom e que devemos ampliar. Aquilo que fizemos e que não deu resultado é por isso que dizemos repensar e reformular. Portanto é mais uma oportunidade de sabermos que somos fortes e essa força existe em todos nós e quando essa força é colectiva junto da nossa própria família, em vez de estarmos em pânico é preciso de fazermos uma ou duas perguntas que nos dê resposta de que vamos nos proteger, protegermo-nos o máximo possível e com isso reduzirmos ao máximo o risco de infecção e quando a infecção aconteça é preciso reduzir ao máximo a possibilidade de se transformar em doença que complique e que possa levar a uma fatalidade. É uma pergunta que todos nós temos que fazer, não só os médicos e os dirigentes que tem que resolver isso, cada um de nós, temos essas reservas interiores. Felizmente agora por causa das novas tecnologias as pessoas podem estar afastadas mas podem permanecer conectadas, partilhem as grandes sugestões através das quais podem empandeirar-se. Aquilo que no teu meio, na tua família, no teu local de trabalho de um bom resultado, partilha isso com os outros que é para as pessoas sentirem nós estamos não só conectados mas unidos e aprender uns dos outros. A conectividade é muito importante, em vez de propagar mensagem que só assustam mais as pessoas, vamos propagar as mensagem que dizem quais são os passos positivos que são possíveis tomar para nós confrontarmos a doença. Se é um grupo de amigos ou de whatsapp devem comunicar com mensagens de encorajamento, mensagens positivas e é esta psique nacional que nós temos que criar. Temos a certeza que nós podemos bater esta pandemia. Podemos e devemos bater porque estamos unidos e partilhamos as boas licções que existe aqui e ali. Por isso que eu falava da necessidade de refletirmos, porque exemplo, os nossos cientistas deviam colaborar com o Governo para essa questão de repensarmos o nosso sistema de segurança social e ir procurar aquilo que podem ler, podem analisar e propor. Naturalmente que o Governo estará muito receptivo para podermos aplica-los aqui e ali. Aqui que resultar numa localidade de uma província e isso devia ser comunicado que isto funciona. As soluções globais são uma orientação geral mas é preciso transformar isso numa investigação muito mais localizada para que toque as pessoas e engaje as pessoas porque o problema é meu, não vem lá de cima, sou eu que devo resolver.

Fonte: Texto Extraído Originalmente do Jornal ”O País” (Olivia Massango)

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