AlôVida: iniciativa esclarece dúvidas de mais de 500 mil pessoas em saúde

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‘’AloVida salvou a minha vida naquela noite da Sexta-Feira. Fui violada e não sabia que, recebendo a Profilaxia Pós-Exposição Sexual que são um conjunto de medicamentos, podia reduzir o risco de infecção pelo VIH e outras Infecções de Transmissão Sexual (ITS) e evitar uma gravidez indesejada’’, testemunha Ana Paula (nome fictício).O nome fictício foi usado para expor a realidade de uma rapariga que, com 17 anos, foi violada sexualmente pelo seu tio no bairro de Kongolote.

Naquela noite, Ana não comunicou a mais ninguém senão ao AlôVida (entidade composta por profissionais que se dispõem a escutar pessoas com dúvidas sobre temáticas ligadas a Saúde). Na chamada, ela foi instruída a dirigir-se rapidamente para um posto hospitalar onde fez o teste de HIV e foi administrada a Profilaxia Pós-Exposição Sexual.

Tratamento gratuito

De acordo com o Protocolo Médico de Assistência às Vítimas de Violação Sexual do Ministério da Saúde (MISAU), a pessoa violada deve ter um atendimento imediato e obrigatório logo ao chegar ao hospital. Deve receber a Profilaxia Pós-Exposicão Sexual, que consiste em:
Medicamentos anti-retrovirais tomados durante 28 dias para evitar contrair o HIV • Medicamentos antibióticos para evitar as ITS como a sífilis e a gonorreia • Contracetivo de emergência para evitar a gravidez

Quanto mais cedo após a violação se administrar a profilaxia contra o HIV, maior é a sua eficácia. A eficácia inicial é 80 por cento de hipóteses de não contrair o HIV do violador, diminui conforme passam as horas. Passadas 72 horas, ou seja, três dias, o efeito é nulo. Este tratamento não se administra a pessoas seropositivas dado que elas já são portadoras do vírus, por isso os primeiros testes que os profissionais de saúde fazem a uma mulher violada inclui o teste de HIV. Para evitar a gravidez indesejada, o prazo de eficácia do contraceptivo de emergência vai até cinco dias após a violação. Todas as unidades sanitárias deveriam seguir o protocolo, mas a distribuição das que oferecem esse serviço é variável.

AlôVida: funcionamento

O AlôVida é um serviço de saúde, sem fins lucrativos, cujo objetivo é atender as pessoas que tem dúvidas em matérias de saúde através de chamadas telefónicas ou mensagens. O usuário apenas deve ligar para 84146 (vodacom) ou 8149 (TDM) ou ainda 82149 (mcel). Os atendimentos são gratuitos e realizados todos os dias da semana por 9 profissionais que trabalham nas instalações do Ministério da Saúde.

AlôVida: 18 anos de vida

AlôVida foi criado pela FDC em Dezembro de 2001, como um mecanismo de comunicação de massa para prevenção do HIV/SIDA. A iniciativa estava enquadrada no projecto KULHUNUKA, que em português significa desenvolvimento, e que era financiado pela USAID com o objectivo de combater o HIV/SIDA. A primeira chamada dos atendentes do Alo Vida foi efectuada pela Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, na qual ela testou a funcionalidade da ferramenta. Quando foi lançado, o alo vida apenas atendia dúvidas relacionadas com HIV/SIDA ou ITS. Nesta altura, os atendentes ajudaram mais de 300.000.00 mil usuários que procuravam soluções e orientações. Em 2010 a iniciativa passou para o Ministério da Saúde, através de um acordo entre a FDC e o MISAU. ‘’Dada a utilidade da ferramenta, actualmente é usada por nós’’, disse Isabel Ngomane.

O trabalho é gratuito e totalmente sigiloso. Com uma dimensão e um alcance social de grande significado. ‘’Não temos nenhum vínculo político ou religioso. Escutamos plenamente as pessoas que nos procuram independentemente do assunto que queiram falar’’, disse Euclides, que fez notar que os voluntários são pessoas de diversas idades e profissões que passam por um curso de formação e seguem uma mesma linha de atendimento. ‘’Escutar com atenção, escutar com o coração, escutar plenamente, sem julgamentos e com total sigilo… Esse é nosso trabalho’’, acrescentou.

Desde o surgimento do serviço, o alô vida já atendeu mais de 500 mil pessoas.